24 de jul. de 2010

Ibiri

Templo de Nanã Buruku em Dassa Zumê
(foto de Pierre Verger)




Eu só tinha sede, meu imbondeiro!
Queria te ver.
Me disseram que o mar nasce de dentro de você.
Qual pássaro noturno no zênite do dia
Vou me aninhar nas tuas fendas,
Raízes da lama,
Pés de Santana,
Minha calmaria.


Tua pele ancestral, matéria da minha,
Cheira ao vinho que Oxalá
Bebeu até lembrar do que nunca esquecia:
Que o mundo não é feito em um ou sete dias
Se da palma fermentada bebe tudo o que não podia!

O que eu tenho é sede, ó baobá!
Pede a tua prima que abra o ventre para me saciar!


Barriguda e nuazinha
No inverno ela procria;
Pari painas tão branquinhas
Pr'Oxalá lhes fazer filhas!




Saluba Nanã!
Epa Babá!


(salve a família Bombacaceae)

4 comentários:

  1. iji modá agô... seu poema me lembra muito um sonho fortíssimo que tive com nanã buruku. "me disseram que o mar nasce dentro de você"... lindo. muito.

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  2. Puxa vida!
    Fico muito feliz o comentário!
    Nossa...que bom!

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