6 de nov. de 2010

"Tudo quanto foi moça caiu no samba. Uma não ficou.
Chegava num ponto, de tanto sambar, elas iam diminuindo.

Ficandinho pequenas, ficandinho pequenas até caberem no pandeiro deles. Ai entravam. Lá dentro continuavam a sabar.
Páquete-papáquete-páquete-papáquete!

Quando a última ialê entrou no pandeiro do negrinho...o cavalo dele falou: - S'imbora, Dudu!
Ninguém ficou espantado do cavalo dele falar, não.

Mas aí se viu que ele não era Ossanha.
- Peraí, Calunga - o negrinho respondeu.
Tacou a mão no pandeiro. Tão forte que até hoje se escuta.

O negrinho foi crescendo, crescendo, crescendo. As ialês, que tinha ficado pequenininhas para entrar, voltaram ao tamanho delas mesmo. O negrinho de um pé só levou todas pro seu Candomblé, do outro lado do mar.
Era Dudu Calunga."



Trecho do livro (infantil) "Dudu Calunga" de Joel Rufino dos Santos,
ilustrações de Zeflávio Teixeira.
Coleção Curupira; Editora Ática, 1986





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