26 de set. de 2010

O homem sábio e desdenhoso
olhou-me com a indiferença
dos camelos pela lua
e decidiu orgulhosamente
olvidar-se de meu organismo.

Desde então não estou seguro
se eu devo obedecer
a seu decreto de que eu morra
ou se devo sentir-me bem
como meu corpo me aconselha.

E nesta dúvida não sei
se dedicar-me a meditar
ou alimentar-me de cravos.

Pablo Neruda, trecho de "No entanto me movo"

Andar

por qual válvula escapar de mim mesma

depois dos pés atados aos pulsos
e das mãos pisando em ovos?

depois de cuspir merda
e chorar mêstruo?
mas escatologias não me seduzem mais.
nem as fibras cruas dos músculos em sangue me falam d'alguma verdade oculta.
nem mesmo a dor e a nostalgia indicam qualquer tipo de acesso à vida ou à tranquilidade.

não me importa a verdade.
nem mesmo os ocultismos.
o que importa agora é costurar solas nas minha luvas.
"no entanto me movo",

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