27 de ago. de 2010

No Palácio de Oxalá

1.

Sentei perto da porta
No canteiro baixinho
Que deixa a gente
À vontade
Ou sem graça
De agachadinho.

2.1.

Feijoada para que te quero
E mais cerveja, por favor!
Tô de olho é naquele bolo
Viva a festa de yaô!

2.2.

Ipeté para que te quero
E mais cerveja, por favor!
Tô de olho é naquele moço
Viva a festa de yaô!
NUMAS

suavemente alagado
tudo
de um se dar sem conta
sonhos e toques enlaçados
cafuné crespinho

desabrocha
a flor do silêncio
perfumado carinho
aconchego melado
dentro de ninho.

CUTI (aqui)

19 de ago. de 2010

Rotina onírica


eu já andei
vinte quadras,
já tomei dois ônibus,
já corri por três ruas.

já cheguei em casa e esquentei a sopa,
já comi e repeti,
já liguei a televisão,
já conversei e xinguei o mundo.

sentei para produzir vinte linhas e dois traços,
bebi café
bebi chá
deitei para descansar.
o olho não fechou,
o pensamento persistiu,
minha cama agora tomba
a vida agora muda
a gente agora dança
e eu sou mais
 do que eu só.
("Serei para todo sempre meu bem,
Viu, meu mal?"

trecho de Paradoxo, de Mel Adún)



18 de ago. de 2010

Solilóquio

para os meus botões

na ponta da língua
na beira do fluxo.
pouco.
muito pouco ainda cabe.

ando mesmo insuportável

15 de ago. de 2010

Daqui vejo os navios.
Por mais cais qu'eu me negue
Vocês me chegam mareando,
Meu batismo de espuma,
Reparindo
E me tentando.

Nas areias nunca certas,
À mercê de suas farras,
Vem maré, vai sossego,
Me desfaço em tuas vagas!

Na beira de um mundo de sal.

11 de ago. de 2010

In Constância

Olha a dose...
Se pesar a mão nesse mel, eu danço.
E eu não sei dançar de dois.



Minha vela queima dos dois lados
Não durará a noite toda
Mas oh! Meu amigos
Ah! Meus inimigos
É de uma luz maravilhosa

COCO CHANEL

Josefine Baker
link

8 de ago. de 2010

BAG LADY - VIDEO - ERYKAH BADU


all you must hold on to is you, bag lady...
para os momentos de totalidade, na alegria e na tristeza.

4 de ago. de 2010

Mãe todo-poderosa, mãe do pássaro da noite (...)
Grande Mãe com quem não ousamos coabitar.
Grande mãe cujo corpo não ousamos olhar
Mãe de belezas secretas
Mãe que esvazia a taça
Que fala grosso como homem,
Grande, muito grande, no topo da árvore Iroko,
Mãe que sobe alto e olha para a terra
Mãe que mata o marido, mas dele tem pena.



cantiga para Iyá Mi Oxorongá


 

A Coruja, vizinha sumida,
volta depois de anos e

voando sobre minha cabeça.
vigiando meu caminhar.
trazendo o que em mim
há de mais regular!
Axé!

3 de ago. de 2010

Memory tea

Fora o dedo em sangue
Da noite que passei fiando,

Fora a renda pronta
E este sono me cegando,

Sigo chá pronto,
Sereno caído:
Sorvê-lo em um átimo
Sorriso rasgado
Fogo fato
Breve brasa.

Sigo.

Censo 2010

Cor
(  ) Pardo...

...à noite, nem todos os gatos são.


Durou pouco.

Quase nada.

Sete vidas,

Um só fôlego

Para massacre

Na madrugada.