15 de nov. de 2010

1

nina simone fere-me a carne.
e vaza-me a solidão neste corte cínico.
sem ela não Sou.
melhor ir dormir.


2


o que eu tenho não pode ser chamado
de "dor nas costas" ou "dor de cabeça"
porque não é ruim.
como eu disse - embora você não tenha me ouvido -
não estou interessada em remédios.
isto é raro, senão único.
agora, por exemplo, a dor já passou.
ou talvez ela esteja continuando, mas no seu inverso.
mas aí,quem sabe, não seja dor.
estranho como o melhor parece ser a normalidade
 - ou seu ideal: correr atrás de uma saúde de ferro para na primeira chuva, inferrujar.
como se alguém realmente conseguisse chegar a isto.
a noção de saúde é construída.
à merda os construtivismos.
estou doendo.
quero uma realidade dada.


3 (Odisseu)


homero sim seria um (re)encontro.
mas este menino, é vaidade.


4

quase todo dia eu passo perto de uma rua, a Jorge de Lima.
outro dia peguei o livro e LI o tal Lima:

"Solilóquio sem fim e rio revolto".


5


"vida inteligente na madrugada"
solidões não serão perdidas.

2 comentários:

  1. durante uns 6 meses tudo o que eu fazia era ouvir nina simone e chorar. hoje em dia, eu só batuco. fiquei mais feliz, mais cínica, mais alienada ou mais agraciada? sozinha permaneço, talvez um novo olhar pras coisas?

    ResponderExcluir
  2. eu ando assim: sozinha permaneço, talvez um novo olhar para as coisas. (sem ponto interrogação, pelo menos esta semana).

    Ah! Quando eu descobri q batuque e q podia "chorar" ouvindo um belo samba de dor de cotovelo sem derramar lágrima, só suor, aaahh! Foi a maravilha!

    Pq mais alienada?!

    ResponderExcluir