29 de nov. de 2010

etnografei minha descrença.
está feito o relatório final.
nos "Anexos", uma carta doutrinária de auto-crença fundamentalista destinada a expirar vinte e quatro horas depois de sua primeira leitura.

um recorte longitudinal ergue-se qual farol na página 37 (seção Metodologia):
o sistema mostra-se vertical,
uma pletora de ontens e anos retrasados
acumulados uns sobre os outros,
negativos de tempos pré-históricos,
modernidades arcaicas, minha escada para o céu.

o passado parece ruir.
podre e roto desmoronando seus sentidos para uma análise sincrônica.
o passado parece ruir para um presente oroboro.

etnografei minha descrença.

ontens retrasados.
o hoje parece ruir.

7 comentários:

  1. "uma carta doutrinária de auto-crença fundamentalista destinada a expirar vinte e quatro horas depois de sua primeira leitura"

    o bom de escrever esses delírios é que ficamos sabendo algo a respeito do que realmente importa.

    um beijo.

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  2. Porra! Este passa a ser o meu favorito... Vou colocar lá no meu facebook e no meu brog tb!

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  3. etnografei minha descrença durante anos; hoje poetizo a minha crença e existencializo a minha etnografia

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  4. comentário-resposta geral: que beleza! adorei os cometários, queridos!

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  5. vale por isso mesmo Amanda!
    perceber isso, saber o que realmente importa no escrever em si e depois ainda ter o registro disso, no caso de eu esquecer algum dia.
    nisto eu vou criando baratas no meio de tanto papel.
    e para aumentar a criação de baratas e não esquecer das coisas realmente importantes é que farei uma coisa que estou há muito para fazer: vou imprimir o blog pq confio mais no sistema analógico que no digital e mesmo no blogger.

    Voltaste à ativa, né?!

    Beijo!

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  6. O melhor foi o "Porra!" este elegio eu ainda não tinha recebido! ahahaha
    Adorei adorei!
    (comentei lá facebook)
    Beijo!!!

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  7. "etnografei minha descrença durante anos; hoje poetizo a minha crença e existencializo a minha etnografia"
    Bom!
    É...entendo o q vc quer dizer.

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